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Os velhos problemas de saneamento básico e destino para o lixo no Brasil

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Imagem retirada do site igepri.org

Nesses últimos dias o IBGE soltou um mapeamento sobre os serviços de saneamento básico e o lixo no Brasil[1]. De interessante temos que velhos problemas que afetam diretamente a natureza e a saúde pública ainda seguem sem solução em boa parte das cidades brasileiras. A pesquisa mostrou que apenas 28% dos municípios brasileiros têm política de saneamento básico e 32,2% implantaram a coleta seletiva de lixo. Outro dado importante é que pouco mais da metade dos municípios, 52,2%, possui estrutura para fiscalizar a qualidade da água. 

Você pode perguntar o que isso tem a ver com história? A resposta viria em partes dos dados apresentados da demografia e em parte dos desfechos históricos dos últimos séculos, ambos fatores complexos e dinâmicos. Isso sempre envolve questões políticas, culturais, econômicas e sociais de maneira geral. 

Para se ter um exemplo de tempos atrás, praia e mar, algo tão cultuado hoje em dia, não eram lugares para banhistas e sim para despejo de dejetos sólidos e líquidos. Um caso exemplar que me vem a mente é o do Rio de Janeiro, capital do Brasil de 1763 a 1960, que até 1821 hospedou a família real portuguesa, que  por sua vez, como quase todos os moradores da cidade e arredores (salvo os indígenas que tomavam banho com frequência), colaborava a "porcalhagem", isso porque era normal. 


Só a partir do mesmo século XIX é que começam a surgir grandes medidas de saneamento, ainda assim apenas em grandes cidades do Brasil. No resto do mundo não é tão diferente, como é o exemplo de Londres, na Inglaterra, onde as medidas de  tratamento e escoamento de esgoto surgiram por causa dos surtos constantes de epidemias que a tempos faziam muitas vítimas na fétida e cinzenta cidade[2].


Voltando à nossa terra brasilis e ao estado onde moro atualmente, Santa Catarina, a capital Florianópolis (antigo Desterro) até a década de 1970, pelo menos, tinha sérios problemas de "esgoto, lixo, transporte, ou mesmo de moradia"[3]. 

Nos anos seguintes, esses e outros problemas viriam a gerar protestos em algumas localidades, isoladamente, ou lutas concentradas no centro da cidade[4].

Como se percebe, só recentemente cidades brasileiras como Florianópolis, só para citar um caso, começaram a perceber os impactos das transformações causadas pelo aumento da população urbana. Embora falte dados mais aprofundados para medir os casos específicos, pode-se dizer que muita coisa ainda está por ser corrigida e novos desafios para os administradores públicos surge com as mudanças sociais e culturais. O fato é que nem mesmo nas cidades mais ricas os dados chegam a empolgar, embora sejam melhores amparadas que as mais pobres. "No Sul, cerca de 70% das cidades possuem planos municipais de saneamento e de fiscalização da qualidade da água"[5]. No Sudeste os mesmo números giram em torno de 50%. 

Por fim, aqui em Itapoá, SC, um pequeno município litorâneo, só para citar um exemplo próximo, segundo informações, existe um sistema de coleta seletiva, mas que ainda precisa ser aprimorado; quanto à esgoto, o sistema simplesmente inexiste, sendo todo feito por fossas; já em relação ao tratamento da água, este é objeto de veementes críticas por parte da população, devido, entre outras coisas, à contaminações do solo. 


Imagem retirada do site www.saaepirapora.com.br

[1] Informações encontradas em CartaCapital (versão impressa). Ano XVIII, n. 724, 21 de novembro de 2012, p. 22.
[2] Sobre a Inglaterra há um texto legal em http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/ES01_06.html
[3] O verdadeiro problema (editorial), Jornal O Estado, 25/01/1976, p. 4. 
[4] SILVA, Michel G. Uma cidade em disputa: representações das transformações urbanas em Florianópolis no contexto da aprovação do Plano Diretor de 1976.
[5] CartaCapital (versão impressa). Ano XVIII, n. 724, 21 de novembro de 2012, p. 22.

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