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A paz com as FARC

Líderes em negociações em Oslo, Noruega. Foto de Audun Braastad/Efe

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) vem aparecendo com mais frequência nos meios de comunicação desde o dia 18 de outubro (uma quinta feira). O motivo: as negociações entre os guerrilheiros e o governo da Colômbia. Isso não acontece há pelo menos 30 anos, desde que ambos os lados deixaram de dialogar. 

No encontro que aconteceu em Oslo, na Noruega, Humberto de La Calle, em nome do governo disse: "estamos diante de um otimismo cauteloso, mas sabemos que é oportunidade de paz e estamos prontos para fazer o melhor". Mas, Ivan Márquez, chefe da delegação da guerrilha, declarou que a paz sem justiça social seria uma ilusão e criticou a militarização do estado colombiano, completando que "a paz não significa o silêncio dos fuzis e nem a simples desmobilização". 

Entre os assuntos da negociação estão: participação política dos guerrilheiros; direitos das vítimas; desarmamento; narcotráfico e reforma agrária. Esse último tema, aliás, será o assunto principal do próximo encontro, marcado para o dia 15 de novembro, vejam vocês, em Cuba. O processo de negociação tem acompanhamento de perto de outros dois país, Venezuela e Chile.

O governo colombiano e as FARC esperam chegar à bons resultados nas reuniões. De qualquer forma, um mês antes do início das negociações, o presidente Juan Manuel Santos já havia anunciado que, mesmo durante os desenrolar das conversas, não haveria sessar fogo. Isso porque o presidente não quer, segundo ele, repetir erros do passado, quando, exatamente há dez anos, a criação de uma área desmilitarizada de 42 mil quilômetros quadrados no sul da Colômbia reforçou a guerrilha e minou o diálogo. Ainda segundo ele, "não vamos ceder um centímetro de território" e "não haverá qualquer tipo de cessar-fogo até que se chegue a um acordo final".

Contexto histórico

Nos conflitos travados entre as FARC (surgidas na década de 1960) e o exército colombiano, já morreram mais de 5 milhões de pessoas. Segundo estimativas do governo, cerca de 600 foram assassinadas. 

Foto de José Miguel Gomez/Reuters

O confronto armado das guerrilhas (que inclui também o grupo Exército de Libertação Nacional (ELN) contra o Estado se agravou com o surgimento dos cartéis do narcotráfico a partir dos anos 1970 e na década seguinte com os grupos paramilitares de extrema direita que travaram uma luta sangrenta contra estas guerrilhas. Segundo CartaCapital, "a maior parte dos paramilitares se desmobilizou em uma negociação com o governo anterior do presidente Álvaro Uribe (2002-2010), mas subsistem redutos vinculados ao narcotráfico".

Mulheres nas FARC. Fotógrafo desconhecido.

"Heróis" para uns ou "terroristas" para outros (principalmente para os EUA), uma definição "clara" do movimento depende da posição política e ideológica de quem o analisa. O fato é que, mesmo o Partido Comunista Colombiano, se apartou dos guerrilheiros depois que os mesmos passaram a se envolver com o narcotráfico na década de 1980. Sendo um grupo que se insere na história, envolvendo seres humanos, que não são completamente maus ou completamente bons, não cabendo em definições maniqueístas, quem o quiser estudar, precisa entender que sofrem transformações que incluem uma gama considerável de fatores (políticos, culturais, econômicos, etc.).  

Referências: 
www.cartacapital.com.br (várias matérias)
www.g1.com (várias matérias)

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