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O velho índio chora...


Por Roseline Mezacasa*

Hoje eu vi um velho índio chorando! Era um kaiowá...Chorava enquanto rezava, chorava enquanto pedia proteção! Chorava em meio a incerteza da permanência na terra que sempre foi do seu povo, "terra que não foi vendida pelo índio, terra que foi tomada do índio". Em meio as histórias que o velho índio contava dizia ele sobre a história regional, muito parecida com as leituras dos livros, mas tão diferente no olhar, pois, a partir das suas histórias era a História Indígena que aflorava, era uma história que por décadas foi escondida pelos Karaí, entretanto, jamais esquecida pelos velhos índios, que em pleno estado "DEMOCRÁTICO" precisam chorar. Que patético este nosso Estado! 

Mas, o velho índio chora! Chora pela incerteza de futuras plantações nas terras que sempre foram do seu povo, incerteza de ver as crianças da comunidade banhando no rio que já faz parte deste povo, o velho índio também chora pela miséria e tristeza que assola seu povo, chora pelas inúmeras ameaças de morte que vem sofrendo... 

Mas, o velho índio também limpa seu rosto com a mão calejada do trabalho, e assim levanta a cabeça e continua sua reza de proteção em meio a nossa conversa. O velho índio chorou, e junto dele e das suas histórias nós também chorávamos e choramos...Mbarete sempre!!!



* Mestre em História pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

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