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Mamãe, eu quero ser professor!


O que vem a sua mente quando seu filho te diz "mamãe/papai, eu quero ser professor"? Se dita há umas décadas, essa frase daria "comichões e coçadinhas" em muitas famílias por aí. Muitos pais travavam (e muitos ainda travam) uma verdadeira cruzada para conquistar para os filhos lugares de destaque e transformá-los em advogados ou médicos, profissões pretensamente mais importantes e, de fato, melhor remuneradas. 


A carga de pressão sobre os ombros das crianças, muitas delas criativas e dinâmicas, era tão intensa que acabava por limitar ou simplesmente impedir o exercício de suas verdadeiras "vocações". Eu mesmo quando mais jovem (ainda sou, só para deixar claro), nem me imaginava sendo professor; imaginava qualquer outra coisa, menos dar aulas. Muita gente que hoje leciona vai poder dizer a mesma coisa. Fomos seduzidos pelo "espírito" que paira sobre as cabeças e leva-as a viver do que gostam, não apenas do que as enriquece. Pobres homens e mulheres que somos. 

Eu já toquei recentemente na questão de muitos dos professores que atuaram até recentemente no Brasil não terem formação universitária, o que hoje parece absurdo e mesmo oficialmente inaceitável. As "primeiras letras" só ganharam regulamentação no Brasil a partir de um Decreto de D. Pedro I, em 15 de outubro de 1827. Mas, só na década de 1930 o poder público passou de fato a se responsabilizar pela educação formal e só a partir daí as escolas de formação superior de professores começaram surgir. Podemos ter uma ideia das limitações regionais na questão de formação de professores: fora dos grandes centros urbanos, muitos professores vinham das próprias comunidades, possuindo formação, por vezes, mínima. 

Claro, que se fizermos um paralelo com os dias atuais, veremos que o número de cursos de licenciatura teve um salto notável. Hoje tanto faculdades e universidades públicas quanto privadas disputam espaço na hora de formarem PROFESSORES. Claro, também, que nem só de bons cursos de formação de professores vive o Brasil, mas, o que nos importa aqui é saber que tem muita gente interessada e que um número considerável de teachers vem sendo formado.

Nesse sentido, um fato interessante me chamou a atenção nos últimos dias. Quando estava corrigindo uma prova aplicada para alunos do EJA (Ensino de Jovens e Adultos), onde a pergunta era sobre anseios pessoais envolvendo o conceito de Mobilidade Social, notei algumas provas onde constava o desejo de ser PROFESSOR. Isso me deixou com uma estranha felicidade e me fez refletir sobre o que levaria aquelas pessoas, a maioria já adulta e com família estabelecida, à desejar tal coisa.

Embora eu fale isso a partir de minhas observações empíricas, ou seja, baseado no que venho observando no dia a dia, penso que, em parte, a visão que se tem sobre ser PROFESSOR vem mudando realmente. Senão pelos órgãos públicos e o "sistema", ao menos por aqueles que escolhem ser "mestres".

Claro que, na maioria dos casos, a profissão de PROFESSOR vem sendo ambicionada por uma camada que não é a dos grandes privilegiados, mas sobretudo da Classe Média para baixo. Mas, de fato, muitos vêem na profissão uma oportunidade de trabalho, afinal, como sempre digo, professor ganha mal mas não passa fome (risos).

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1 Comentários

  1. Em contraponto...

    Ser professor é ser profeta, E o profeta profere, prevê o futuro.
    Eu prevejo que o futuro da educação convencional escolar possa ter fim, pelo simples fato da falta de encantamento que proporcionamos aos nossos alunos por nossa profissão.
    Muitos colegas fazem questão de dizer que ser professor não vale a pena. Mas não pulam fora do barco porque não aprenderam a nadar.
    A primeira atitude do professor deve ser o encantamento!
    É seu dever Professor despertar nas crianças o desejo de que queiram ser igual a ti quando crescerem... Tu és o espelho para seus pupilos.
    Sem o encantamento não há a sequência....
    Não há o desejo pela aprendizagem.
    Não há o respeito pelo outro;
    Não há o querer ouvir o outro.
    Não há o interesse em descobrir a utilidade dos conceitos.
    Não há deslumbramento com a solução de uma equação.
    Não há o encantamento pelo belo;
    Não há!!!
    É preciso encantar, para que no futuro tenhamos jovens interessados pela profissão de professar.
    O que será de nós se não professarmos que mais adiante existe algo a ser descoberto, se nem mesmo incentivamos nossos alunos a investigarem o conhecimento de si mesmos?
    As vezes pergunto a colegas professores: Qual o principal objetivo do Professor? Muitos respondem: Ensinar, Mediar, etc. E eu respondo: O principal objetivo do professor é o aprender, sem a aprendizagem o ensino continua estéril.
    Para modificarmos este quadro, é necessário modificarmos nossa postura de educadores e professarmos que um outro mundo é possível através de uma educação emancipadora, humanizadora e que valoriza o educando na sua diversidade.
    Ser Professor é ser sim Educador, pois trabalhamos com educação e quem educada acompanha o processo não recebe o produto pronto.
    (Geverson Luz Godoy)

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