Mais um livro grátis para download, desta vez, via DomínioPúblico, trata-se de História Geral da África I: Metodologia e pré-história da África, lançado em conjunto pela Unesco/Ministério da Educação/Universidade de São Carlos e organizado por J.Kl. Zerbo.
APRESENTAÇÃO
Outra exigência imperativa é de que a história (e a
cultura) da África devem pelo menos ser vistas de dentro, não sendo medidas por
réguas de valores estranhos... Mas essas conexões têm que ser analisadas nos
termos de trocas mútuas, e influências multilaterais em que algo seja ouvido da
contribuição africana para o desenvolvimento da espécie humana. J. Ki-Zerbo
A Representação da UNESCO no Brasil e o Ministério da
Educação têm a satisfação de disponibilizar em português a Coleção da História
Geral da África. Em seus oito volumes, que cobrem desde a pré-história do
continente africano até sua história recente, a Coleção apresenta um amplo
panorama das civilizações africanas. Com sua publicação em língua portuguesa,
cumpre-se o objetivo inicial da obra de colaborar para uma nova leitura e
melhor compreensão das sociedades e culturas africanas, e demonstrar a importância
das contribuições da África para a história do mundo. Cumpre-se, também, o
intuito de contribuir para uma disseminação, de forma ampla, e para uma visão
equilibrada e objetiva do importante e valioso papel da África para a
humanidade, assim como para o estreitamento dos laços históricos existentes
entre o Brasil e a África.
O acesso aos registros sobre a história e cultura
africanas contidos nesta Coleção se reveste de significativa importância.
Apesar de passados mais de 26 anos após o lançamento do seu primeiro volume,
ainda hoje sua relevância e singularidade são mundialmente reconhecidas,
especialmente por ser uma história escrita ao longo de trinta anos por mais de
350 especialistas, sob a coordenação de um comitê científico internacional constituído
por 39 intelectuais, dos quais dois terços africanos.
A imensa riqueza cultural, simbólica e tecnológica
subtraída da África para o continente americano criou condições para o
desenvolvimento de sociedades onde elementos europeus, africanos, das populações
originárias e, posteriormente, de outras regiões do mundo se combinassem de
formas distintas e complexas. Apenas recentemente, tem-se considerado o papel
civilizatório que os negros vindos da África desempenharam na formação da
sociedade brasileira. Essa compreensão, no entanto, ainda está restrita aos
altos estudos acadêmicos e são poucas as fontes de acesso público para avaliar
este complexo processo, considerando inclusive o ponto de vista do continente
africano.
A publicação da Coleção da História Geral da áfrica em
português é também resultado do compromisso de ambas as instituições em
combater todas as formas de desigualdades, conforme estabelecido na declaração
universal dos direitos humanos (1948), especialmente no sentido de contribuir
para a prevenção e eliminação de todas as formas de manifestação de
discriminação étnica e racial, conforme estabelecido na convenção internacional
sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial de 1965.
Para o Brasil, que vem fortalecendo as relações
diplomáticas, a cooperação econômica e o intercâmbio cultural com aquele
continente, essa iniciativa é mais um passo importante para a consolidação da
nova agenda política. A crescente aproximação com os países da África se
reflete internamente na crescente valorização do papel do negro na sociedade
brasileira e na denúncia das diversas formas de racismo. O enfrentamento da
desigualdade entre brancos e negros no país e a educação para as relações étnicas
e raciais ganhou maior relevância com a Constituição de 1988. O reconhecimento
da prática do racismo como crime é uma das expressões da decisão da sociedade
brasileira de superar a herança persistente da escravidão. Recentemente, o
sistema educacional recebeu a responsabilidade de promover a valorização da
contribuição africana quando, por meio da alteração da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB) e com a aprovação da Lei 10.639 de 2003,
tornou-se obrigatório o ensino da história e da cultura africana e
afro-brasileira no currículo da educação básica.
Essa Lei é um marco histórico para a educação e a
sociedade brasileira por criar, via currículo escolar, um espaço de diálogo e
de aprendizagem visando estimular o conhecimento sobre a história e cultura da
África e dos africanos, a história e cultura dos negros no Brasil e as
contribuições na formação da sociedade brasileira nas suas diferentes áreas:
social, econômica e política. Colabora, nessa direção, para dar acesso a negros
e não negros a novas possibilidades educacionais pautadas nas diferenças
socioculturais presentes na formação do país. Mais ainda, contribui para o
processo de conhecimento, reconhecimento e valorização da diversidade étnica e
racial brasileira.
Nessa perspectiva, a UNESCO e o Ministério da Educação
acreditam que esta publicação estimulará o necessário avanço e aprofundamento
de estudos, debates e pesquisas sobre a temática, bem como a elaboração de
materiais pedagógicos que subsidiem a formação inicial e continuada de
professores e o seu trabalho junto aos alunos. Objetivam assim com esta edição
em português da História Geral da África contribuir para uma efetiva educação das
relações étnicas e raciais no país, conforme orienta as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da
História e Cultura Afrobrasileira e Africana aprovada em 2004 pelo Conselho
Nacional de Educação.
Boa leitura e sejam bem-vindos ao Continente Africano.
Vincent
Defourny e Fernando Hadad
5 Comentários
Valeu pela dica! \o/
ResponderExcluirDe nada Zeza... as ordens!
ResponderExcluirComentários também no grupo Pesquisas Históricas do Linkedin
ResponderExcluirComprei esse livro a alguns dias, excepcional... estou devorando ele. Vale muito a pena ler.
ResponderExcluirEle é muito bacana mesmo... obrigado pelo comentário. Ter impresso também é legal, até pra ficar mais fácil de ler onde quiser, para quem não tem leitores de e-books.
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