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Os Jesuítas no poder

companhia de jesus
Logotipo da Companhia de Jesus. 
Disponível no site da Arquidiocese de Campinas

Depois de serem expulsos das antigas colônias europeias ao longo do mundo no século XVIII e quase serem excluídos permanentemente da curia romana alguns anos atrás, os Jesuítas assumiram o poder máximo no Vaticano em 13 de março de 2013, com Jorge Luiz Bergoglio, o Papa Francisco

Ordem religiosa criada por Inácio de Loyola, em 1534, na capela Mortmartre, como resposta a Reforma Protestante há alguns poucos anos anunciada por Martinho Lutero, a Companhia de Jesus possuía objetivos catequéticos e por isso se espalhou pelo mundo em busca de conversões ao Cristianismo Católico Romano e à "civilização" dos povos considerados primitivos. No Brasil chegaram em 1549, com o padre Manoel da Nóbrega.

Inácio de Loyola. Autor desconhecido.

Especialmente nas Américas e em nosso país construíram as suas inúmeras Missões e tiveram que combater, em muitos casos sem sucesso, os preadores de índios saídos do planalto paulista, os Bandeirantes, além dos colonos insatisfeitos com a maneira de "resguardar" os indígenas da escravidão. O mais significativo revés da Companhia em solo brasileiro, no período colonial, se deu através de sua expulsão pelo Marquês de Pombal, em 1759, num momento em que tinham por aqui 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários.

Padres Anchieta e Nóbrega na cabana de Pindobuçu. 
Em exposição no Museu Paulista

A Espanha fez o mesmo, expulsando os Jesuítas de suas colônias em 1767. Junto com o monarca português, os espanhóis fizeram pressão sobre o Papa Clemente XIV, que em 1773 dissolveu a Companhia em todo mundo, "com exceção da Prússia e da Rússia branca"[1]. Só no século XIX, mais exatamente em 1814 é que o então Papa Pio VIII restauraria a Companhia de Jesus em todo mundo.

Assim, vale lembrar também que muita coisa do que se diz sobre os Jesuítas não é novidade para ninguém, como o uso da mão de obra indígena em suas plantações, como pode ser notado quando se estuda o norte brasileiro, com destaque para a polêmica ação do padre Antonio Vieira. Embora também sejam acusados de coisas das quais não se conseguiu provas. 

De qualquer forma, a organização dos indígenas nos aldeamentos jesuítas, com a finalidade de torná-los "civilizados", acabou por significar a perda de grande parte de sua carga cultural e consequentemente limitou muito sua capacidade de defesa em relação aos invasores [2]. Com isso se tornaram alvos relativamente fáceis para quem queria mão de obra barata no Brasil colonial e não tinha dinheiro para pagar os preços elevados cobrados pelos escravos africanos.

Voltando ao nosso tempo, como já disse, eles quase foram banidos por completos da cúria romana pelo Papa João Paulo II. Dando conta de sua situação nos últimos tempos, alguns estudiosos da Igreja Católica, como o padre jesuíta Felice Scalia (entrevistado em outubro de 2012), chegaram a afirmar ainda que a Companhia de Jesus, assim, como tantas outras ordens religiosas se encontrava em crise, sendo que muitos religioso católicos pairavam "individualmente na incerteza, solitários, confusos" [3].

Resta por fim saber os rumos que a igreja Católica escolherá de agora em diante. E queiramos ou não, com o novo papa, já parece claro que muita coisa mudará do que entendemos sobre a igreja romana e já sabe que mudará especialmente a posição jesuíta, agora no lado forte da corda dos poderes.

Referências:

[1] CAVALCANTE, Thiago V.  Sumé  - Tomé: Jesuítas e um Apóstolo de Cristo no Além Mar. Disponível em: http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=29.

[2] CAVALCANTE, Thiago V.  Sumé  - Tomé...

[3] Kairós: A companhia de Jesus e o Vaticano II, por Felice Scalia.  Disponível em: http://kairosnostambemsomosigreja.wordpress.com/2012/10/01/a-companhia-de-jesus-e-o-vaticano-ii-por-felice-scalia/.

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