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História da China (e do Japão) através da arte: o Budismo




Sem sairmos, necessariamente, da China nos voltamos às "fronteiras" para tomarmos um ponto comum da religiosidade chinesa junto à japonesa. O tema escolhido é a figura de Buda, tão vista e por vezes tão pouco entendida.

A ideia desta postagem é vermos o diferente e assim tentarmos superar, ao menos por um momento, a intolerância religiosa.

Segundo o site Budismo Kadampa,

Em geral, Buda significa “O Desperto”, alguém que despertou do sono da ignorância e vê as coisas como elas são de fato. Um Buda é uma pessoa completamente livre de todas as falhas e obstruções mentais. Há muitas pessoas que se tornaram Budas no passado e muitas se tornarão Budas no futuro.

E segundo o livro de Geshe Kelsang Gyatso, Introdução ao Budismoo Buda que fundou a religião budista chama-se Shakyamuni. Shakya é o nome da família real na qual ele nasceu e a palavra muni significa “o capaz”. 

Buda Shakyamuni nasceu em 624 a.C., em Lumbini, que na época fazia parte da Índia, mas hoje pertence ao Nepal. Sua mãe foi a rainha Mayadevi e seu pai, o rei Shudodana.

Certa noite, a rainha sonhou que um elefante branco descia do paraíso e ingressava em seu útero. Esse ingresso foi um presságio de que concebera um ser puro e poderoso e a descida do elefante do paraíso, um indício de que seu filho vinha do céu de Tushita, a Terra Pura de Buda Maitreya.

Mais tarde, quando a rainha deu à luz, em vez de sentir dor, ela teve uma visão muito especial e pura. Viu-se apoiada numa árvore, segurando um de seus ramos com a mão direita, enquanto os deuses Brahma e Indra tiravam de seu flanco, sem dor, uma criança. Os deuses, então, reverenciavam a criança, oferecendo-lhe abluções rituais.

Quando viu o filho, o rei sentiu que todos os seus desejos haviam sido satisfeitos e chamou o pequeno príncipe de Sidarta. Sua majestade convidou um brâmane vidente para fazer predições sobre o futuro do príncipe. O vidente examinou a criança e disse ao rei: “Há sinais de que o menino pode se tornar ou um rei chakravatin, líder do mundo inteiro, ou um Buda plenamente iluminado. Entretanto, posto que a era dos reis chakravatin já passou, é certo que ele se tornará um Buda e sua influência benéfica se espalhará pelos mil milhões de mundos, como os raios de um sol.”

Vida e Atividades do Buda Shakyamuni Encarnado
(1486 d.C.)



As cores vivas neste livro chinês são reminiscentes das imagens em manuscritos medievais europeus. Liu Ruoyu (Dinastia Ming) registra essa edição em seu Neiban jingshu jilue (Resumo do registro das edições imperiais): "Vida e Atividades de Shakyamuni Encarnado: Quatro Volumes, 440 páginas". 

O livro original, pelo monge Baocheng, da Dinastia Ming, tem seis juan (seções) e é intitulado Shijia rulai lu yinghua lu (Registro dos ensinamentos do assim-vindo Buda Śākyamuni), que indica que o livro foi revisto e combinado com outros textos antes dos blocos de impressão para o mesmo fossem entalhados. 

No início há um texto, Um Registro de como o Assim-Vindo Buda Śākyamuni Alcançou o Caminho e Seus Ensinamentos, de Wang Bo (Dinastia Tang). Alguém, de uma geração posterior, inscreveu no livro a frase "por Wang Bo", a qual constitui um erro (veja o Livro completo).

Dharma, O Garoto Prodígio
(entre 1700 d.C. e 1799 d.C.)



Esta obra do início do século XVIII, de um artista desconhecido, é um exemplo típico de Nara-ehon, manuscritos ilustrados ou pergaminhos e livros impressos a mão produzidos no Japão do período Muromachi (1333-1573) até meados do período Edo (1615-1868). 

O Hōmyō dōji é, originalmente, uma história do Leste da índia com raízes no budismo. Como muitas destas histórias, começa com a frase típica, "Era uma vez, na terra de Buda..." continua, contando a história de uma criança que foi escolhida para ser sacrificada para uma cobra gigante. O pai da criança decide procurar um substituto para seu filho. Um menino, chamado Hōmyō dōji, que não podia suportar a tristeza da sua mãe após a morte de seu marido, se vende ao homem quando sua mãe não está em casa. 

Hōmyō dōji  é servido em sacrifício e, enquanto ele está recitando um Sutra perto de uma gruta, de repente aparece um Bodhisattva e transforma a serpente em um garoto. Quando o imperador ouve dessa história, ele pede para que o dōji (menino), seja levado até ele, e abdica ao trono em favor do dōji. O dōji, então, procura por sua mãe, com quem ele vive feliz para sempre. A obra está encadernada em três volumes e contém muitas ilustrações coloridas (veja os 3 volumes desse livro completos).

Mulian resgata sua mãe
(1368 d.C. e 1644 d.C.)
Autor: Zheng, Zhizhen (1518-1595)


Xin ke chu xiang yin zhu Quan shan Mulian jiu mu xing xiao xi wen (Mulian resgata sua mãe) é um drama do dramaturgo Ming Zheng Zhizhen (1518–1595). A história se originou a partir de Fo shuo Yulanben jing, uma tradução chinesa de Dharmaraksa durante a dinastia Jin Ocidental (265-316) da Ullambana sutra hindu, que conta a história de Mulian, um dos discípulos mais próximos do Buda Syakamuni e dotado de poderes sobrenaturais. 

Maudgalyāyana na sutra original é Mulian na versão chinesa. Depois que a mãe de Mulian morre, ela vai para o inferno por causa de seus maus atos em vida. Depois de descobrir sobre os sofrimentos de sua mãe, Mulian, filho dedicado, procura a ajuda de Buda. Depois de encenar um incrível ritual no 15º dia do mês lunar de julho, com cânticos e abundante oferta sacrificial, Mulian desce ao inferno para salvar sua mãe. 

Segundo o folclore chinês, a cada ano, neste dia, durante o festival para a libertação dos fantasmas famintos, os portões do inferno se abriam e todos os espíritos sofredores eram autorizados a voltar e ver seus descendentes vivos e desfrutar de festas grandiosas. Rituais em larga escala eram realizados neste dia e Mulian se tornou uma das divindades folclóricas. 

No final de julho lunar, que foi chamado de Mês do Fantasma, os fantasmas devem retornar para o submundo. 

Zheng Zhizhen era um nativo de Qimen, província de Anhui, que escrevia por diversão. Ele compilou este trabalho, baseado em literatura, dramas poéticos e dramas populares cantados antigos, mas com reviravoltas adicionais na trama. Durante o final da dinastia Ming, as óperas regionais eram predominantes. Com o desenvolvimento econômico vindo para Anhui, comerciantes itinerantes espalharam amplamente esse drama por todo o país. A obra foi impressa por Tang Fuchun em Fuchun Tang, sua oficina em Nanjing durante a era Wanli, onde muitos outros dramas também foram impressos. 

Esta cópia tem ilustrações simples e sem adornos, com anotações adicionadas aos textos que podem ser difícil para um leitor compreender. A obra consiste em 102 dobras, em oito juan e seis volumes. A primeira parte narra uma história sobre um homem chamado Xiang Fu e sua viúva, que vai para o inferno e sobre o filho dedicado que salva sua mãe. A segunda parte descreve Mulian sendo guiado pelo Buda em busca de sua mãe. A última parte descreve a reunião de Mulian com sua mãe, como sua mãe é salva e como ela encontra o marido no céu.

História da Ásia
 Emiliano Unzer
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* Descrições adaptadas das que constam no site da Biblioteca Mundial Digital, de onde também provém as imagens (algumas foram igualmente adaptadas em tamanho e forma à essa postagem, sem alterar seu conteúdo original).
** Outras referências:

- Geshe Kelsang Gyatso, Introdução ao Budismo (saiba mais sobre o livro, clique aqui)
- Site Budismo Kadampa (http://kadampa.org/pt)

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