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Cine Holliúdy: pense num filme joiado!

  


Às vezes nosso sistema de ensino nos engessa e nos faz olhar com um "zói" uniforme. Perdemos assim de vista as multiplicidades do nosso vasto Brasil, por achar que é "tudo igual"! Vendo esse filme, podemos "coisar" coisas novas, linguagens populares requintadíssimas, cheias de significados próprios e "joiados". Para isso precisamos de legenda, como precisaríamos para assistir os filmes da Hollywood lá dos "States".

Confesso que precisei ver mais de uma vez (e gostei) para entender algumas expressões e ainda assim mais fiquei curioso do que expert no cearês*. Afinal, assim como as mais de 200 línguas que o Brasil tem além do Português, o "idioma" próprio do cearense é rico em simbologias e nos faz pensar nos usos e ressignificações de palavras que usamos no dia a dia e também aprender outras que nem imaginamos existir.

É semelhante ao que se experimenta com o gauchês e formas particulares de falar e palavras que se usa, como o cacetinho que gera estranhamento para quem vai ao Rio Grande pela primeira vez. Assim é também em cada lugar do país. Isso acontece com qualquer idioma, ainda mais em nosso país, tão grande e multiforme!

Eu que nasci no estado de São Paulo e já andei por alguns estados do Brasil (Mato Grosso do Sul, incluindo a divisa com Goiás, e Santa Catarina), tenho incluído novas expressões e palavras ao meu vocabulário. Às vezes me vejo falando como sul-mato-grossense, seus "eita pegas", ou os "meu caramba!" das regiões próximas a Joinville. E quando vi o filme fiquei atônito diante de tanta riqueza cultural: são formas particulares de ver o mundo e expressá-lo em palavras.

Ah, a história do filme. Essa se passa na década de 1970, tendo como personagem principal um sonhador, o Francisgleydisson (Edmilson Filho), que junto com sua família abre o Cine Hollyúd na pequena Pacatuba, em busca de um sonho impossível: preservar o cinema que vinha perdendo espaço para os aparelhos de TV que vinham se popularizando nas pequenas cidades do Ceará, senão nas casas, ao menos nas praças públicas. 


É ele próprio o artista contra o caba do mal!

E não falta espaço no filme pra Bruce Lee, baitolas, ispilicutes, frogoiós e pirangueiros. Tudo acompanhado do cego mais visionário e cheio de lerowhite do Ceará, Isaías, estrelado por Falcão, o cantor que é do tempo que o King Kong era soim! Agora se você ainda duvida da qualidade da película macho réi, mah vá tomá no ôi da goiaba, porque cê merece um cangapé bem no meio do peristônio!



Encontrei o filme completo no Youtube, aproveitei para ver enquanto ainda está disponível!


Caso tenham alguma dificuldade para entender essa postagem, podem consultar um glossário que pode ser usado no filme também: Aprenda a falar "cearês".

* Neologismo usado para denominar a forma própria de falar dos cearenses.

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