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Nota sobre a Independência do Brasil | José A. Fernandes




Há quem diga que não  sou patriota quando falo sobre nossa condição de país em busca de soberania e independência. Mas, afinal, somos mesmos independentes? Ou fazemos parte dos jogos de interesses num sistema global? E o que isso significa para os diferentes grupos que compõe a colcha de retalhos humana do Brasil? 

Se formos parar para analisar cruamente a situação, desde aquele 7 de setembro de 1822, nos deparamos com continuidades e rupturas (creio que mais continuidades). Sem falar sobre o fato de continuarmos, na época, uma Monarquia enquanto todo restante da América instalava Repúblicas, nós (porque também sou brasileiro) saímos da condição de país politicamente dependente de Portugal para a de dependentes economicamente da Inglaterra. Se bem que já pagássemos favores aos ingleses antes, somamos aí mais 2 milhões de Libras Esterlinas - além dos acordos favoráveis à eles que continuariam a ser assinados.

Pagamos para nos libertar, ao menos oficialmente, dos portugueses, mas ainda nos mantivemos reféns dos ingleses. A continuidade se deu até mesmo em relação a Portugal e ao Imperador que nos foi deixado, o Dom Pedro I, que em sua teimosia de "ficar" por essas bandas liderou a separação de Portugal, que seu pai passou a reinar presencialmente desde que foi embora em 1821.

Não que eu queira defender algum tipo de xenofobia contra os portugueses, como de fato ocorreu em muitos lugares do nosso Império naquela época, especialmente nas cidades mais desenvolvidas, como o Rio de Janeiro, ou contra os ingleses que souberam investir vastas somas em nosso país, especialmente na forma de empréstimos, construções de ferrovias e outras coisas mais. Até porque, no caso dos portugueses, somos em parte (se seguirmos a lógica de Gilberto Freyre) produto da mistura deles com índios e negros. 

Mas, o que quero com essa postagem é deixar uma provocação, no sentido de refletirmos o que é ser independente. No caso do Brasil, até onde poderemos ir nos isolando do resto do mundo? Isso é vantajoso economica e/ou socialmente? Devemos pensar profundamente a relação entre soberania e liberdade, que é mais complicada do que aparenta. E até mesmo até onde é ou não vantajoso defender um nacionalismo cego, que esquece que gente como a gente está inserida em algo bem maior e que liberdade para nós nada mais é do que algo condicionado pelo meio em que vivemos e pelas relações que mantemos, sejam elas locais, nacionais ou internacionais. 


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* Originalmente postado em 7/set/2014.

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