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Belle Époque brasileira: sociedade, habitação e exclusão social



por Alexandre Meirelles


No raiar da República, surgiu a Belle Epóque, de inspiração europeia, onde no Brasil se copiava todos os moldes, sejam sociais ou culturais, e passou significar a modernização do país, num movimento situado principalmente na região do Rio de Janeiro.

Os rituais e a cultura popular, como tocar Samba com Violão, jogar Capoeira, entre outros, além de não serem bem vistos, em muitos casos se tornaram proibidos. Principalmente por serem compostos por camadas populares, de brancos pobres e negros, que na visão da elite, se contrapunham à modernidade.

Roda de samba em 1936

Mas as mudanças nos aspectos da "sociedade colonial", se deram com o tempo e a eliminação dos transportes por tração animal, dos animais circulando pela cidade, das ruas estreitas, do despejo de esgotos em pleno mar ou no Porto da cidade, via de exportação do café e importação de produtos industriais, disseminando várias doenças, como varíola, tifo, febre amarela. Era grande a circulação de ratos, fato que fez o governo recompensar quem os capturasse, fato que por sua vez alimentou um mercado, onde muitos criavam os animais e assim recebiam algum dinheiro.

Outra coisa que muito incomodava as elites, eram os cortiços, pólos de pobres, em sua grande maioria negros, que viviam em lugares específicos por causa do seu local de trabalho. Ali faziam suas festas e rituais próprios, ganhando a alcunha de Pequena África.

Ao longo do tempo, o desenvolvimento vai chegando ao Rio de Janeiro, o que atraiu muitos trabalhadores de regiões rurais ou não consideradas "modernas". E estes trabalhadores vão se instalando no centro da cidade, principalmente, onde a existência de cortiços era comum.

Ainda quanto à modernização da cidade, a Light, empresa de eletricidade, modificou o modo de vida da população, especialmente a elite carioca, possibilitando com a luz elétrica o surgimento de cinemógrafos, gramophones e bondes. E é nesse contexto que vão sendo feitos aterros, tratamentos de esgotos, entre outras medidas, a fim de possibilitar o passeio e a melhora da vista, criando a alcunha de Cidade Maravilhosa.

É válido salientar que para tudo isso ocorresse, foi necessária a exclusão social. Várias revoltas então ocorreram. 

Foi o caso da Revolta da Vacina, contra a obrigação da vacinação dos pobres contra a Febre Amarela. Isso ocorreu pois invadiam casas e vacinavam as pessoas à força, levando as camadas sociais às ruas de forma violenta. 

Bonde virada pelos revoltosos

Outra revolta foi resultado das medidas de urbanização do prefeito Pereira Passos, no chamado Bota Abaixo, onde os cortiços, foram por lei sendo destruídos, de maneira imposta, o que obrigou os moradores a irem para os morros. Nesse contexto, deve-se dizer que a alcunha "favela" surgiu após a Guerra de Canudos, onde havia num morro similar ao do Rio de Janeiro, um tipo de árvore chamada favela. Soldados pobres, que foram para essa guerra com a promessa de receber casa, ao retornarem da mesma viram a semelhança do Morro da Favela, surgindo assim a expressão de "favela", denominando lugares onde moravam pessoas de baixo poder aquisitivo e com moradias precárias.

Avenida Central antes das reformas Pereira Passos

É importante dizer ainda que o Bota Abaixo não foi o fator que culminou na ida dos moradores de cortiços para as favelas, mas está inserido nesse processo mais amplo de modernização. Esse processo mais amplo se deu aos poucos, sendo o Bota Abaixo apenas mais uma ação a contribuir com a exclusão dos pobres, em favor da parte dita "moderna" das elites.

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