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Zé Butina e seu velho radinho à pilha



Zé Butina tinha um velho radinho à pilha, uns par de palheiros e muita saudade dos tempos em que era moço bonito e forte...

Pois é, eu era novo quando o véio pai se foi, morano desde então só com a mãe e o ermão num sitiuzinho. Com o radinho eu andava, ouvino as moda que tocava. As pilha o apareio moderno sustentava, que na venda nos fim de semana, com os demais mantimento, nóis comprava. Não era como hoje que quebra tudo fácir. Quebrava não! Ele durô muitos anos e por ele tocaro muitas canção. 

Das primeras música caipira eu alembro, dos pograma que vinha de longe, com os locutor falano, onde quem mandava era Tunico e Tinoco, Abel e Caim, Dino Franco e Mouray, sem falá de Milionário e Zé Rico e Tião Carrero e Pardim. 

Nóis lembra bem, apesar da idade, como era bom quando acordava antes de du galo; fazeno café no bule véio, naquele fogão a lenha que a véia mãe tinha fabricado. E sentado na varanda, com a xicrinha na mãe, ouvia os bicho e os trovador, no mato se mexendo e no véio radinho ligado.

Quando era jovi, galanteava muito as muié. Nessas hora nóis num escolhia cor; pras Ditas e pras as Cidas, nóis jurava amor. 

Tinha baile nos sítio vizinho, logo os dono me chamava. Num tinha tempo ruim, pegava o cavalo e partia dançá. Se chuvia forte era cumpricado, mas se fosse fraca, com butina de cano arto ficava mais fácir chegá. 

Cos lampião aceso, as moça rastava os pé no terrero de terra batida. Os coroné que nóis chamava de Dotô é que pagava muitas veiz as pinga que nóis tomava; se bem que muitas veiz, com umas cana no quintar, a cachaça era nóis que fazia. Já as cumida, tudo era feito com o que tinha nu lugar, onde mio, carne e umas galinha num fartava.

Não tinha luiz elétrica, nóis se juntava com os violero e os cantador. Dsiconhecia cansaço. Tudo era feito na hora, com muitos repente, onde a caipirada se animava a cada repique na viola e dos batuque de coro curtido... além das muié e dos home que soltava uns estridente grito. 

Tinha uns cabra que era viajado, que uns grito com uns índios de Mato Grosso e uns véio cabocro tinha aprendido. Uns som que chamavam mibureio, os home sortava ardido; isso se ouvia arto, dos cabra animado e embebido. 

No fim, quando tudo mundo tava cansado, nóis se deitava onde dava, ou cambaleano ia embora, dormi no velho ranchinho. A véia mãe preocupada, esperava nóis chegá, pra dá umas bronca... Mas nóis num ligava, porque nu fim era tudo devertido.

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Os Parceiros do Rio Bonito
Estudo Sobre o Caipira Paulista e a Transformação dos Seus Meios de Vida
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Pedimos a gentileza, caso queiram usar o texto, que citem a fonte. Grato!

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