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A vida entre o SER e o TER




Há momentos na vida que nos pegamos perguntando sobre o que somos e o que é que nos constrói. Muitos de nós simplesmente não encontram respostas ou desistem de buscar; outros tantos tem logo a dizer que "se deve valorizar o que se é e não o que se tem".

Mas, na prática não é tão simples assim...

Conheço muitas pessoas que "vivem para trabalhar", literalmente. Dedicam horas a ganhar dinheiro, a acumular, a TER coisas. Essas pessoas se consomem em horas de sacrifício e ainda assim estão sempre insatisfeitas. Elas não vivem o que tem, simplesmente vivem para ter.

Acredito que essas pessoas têm muito a aprender sobre si mesmas. E precisam parar para pensar e criar-se a si mesmas, aprendendo a viver. Ou como diria Osho, deveríamos pensar na vida como um filme, com seus milhares de fotogramas, procurando perceber os milhares de intervalos, deixando de lado sempre que pudesse a velocidade e o frenesi para sentir-se em "câmera lenta".

É preciso aproveitar o momento. Não de forma irresponsável, mas de forma refletida, projetando sempre que possível o futuro, o que se quer VIVER e de que forma poderá aproveitar aquilo que se consegue quando se busca TER.

Todos deveriam entender que não faz nenhum sentido apenas ter. Coisas se deterioram, mesmo que fiquem guardadas nos armários mais impermeáveis. Elas envelhecem, como envelhece também quem as tem. Se do TER não resultar o prazer de ter, de aproveitar, de viver a coisa que se tem, então o TER terá sido inútil. O TER terá sido apenas uma desculpa para trabalhar iludido e alimentar outras pessoas que com o nosso trabalho também terão - e dependendo da posição terão muito mais e facilmente que nós.

Desde criança fomos programados... parece até música da Legião. Aprendemos que trabalhar é bom, que enobrece o homem (espécie). Trabalhamos e trabalhamos, sem parar para observar (não apenas ver) o sol que nasce; sem admirar as flores que colorem muitos lugares por onde passamos; sem dar valor às histórias dos velhinhos enrugados que já passaram boa parte de suas vidas e que simplesmente achamos "chatos demais" para ouvir. 

Mas, deveríamos aprender também com duas frases famosas existencialistas de Jean-Paul Sartre. Uma delas deveria nos lembras que somos uno, somos parte, que nascemos "para satisfazer a grande necessidade que temos de nós mesmos". A outra, complementar e adagial, nos lembra que o homem  (e diríamos também a mulher) "deve ser inventado a cada dia".

Então, pra terminar, vai mais um adágio: se reinvente, não se contente, não se acomode. Sinta sua vida passar, viva o seu dia, sinta cada dia de vagar. 

Leituras recomendadas: 

Jean-Paul Sartre - O Ser e o Nada

Albert Camus - O Estrangeiro

Mário Sergio Cortella - Não Espere Pelo Epitáfio


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